Como o entendimento sobre como funciona nossa atenção pode auxiliar a sermos mais produtivos.

Há alguns dias, tivemos um treinamento sobre a importância de focar nas atividades que desempenhamos. Parece um conceito óbvio, mas é surpreendente como poucos exemplos podem mostrar o quanto nossas tarefas são impactadas pelo maior ou menor foco que dedicamos a elas.

Um dos conceitos que caiu por terra foi o de que as pessoas conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo. Nunca havia pensado muito sobre isso, pois me considerava uma pessoa capaz de “fazer várias coisas simultaneamente”. No entanto, ao analisar o conceito específico de multitarefa, percebemos que ele não se sustenta.

Por exemplo, você pode dizer que consegue dirigir e escrever no celular ao mesmo tempo (sei que ninguém aqui faz isso). No entanto, isso não é inteiramente verdade.

Quando você está dirigindo está concentrado na direção, prestando atenção no que está fazendo. Quando você está escrevendo no celular, a mesma coisa. Ou seja, se você está dirigindo e decide responder uma mensagem, você está digitando em um carro em movimento, mas não controlado por você.

Essa falsa impressão de que conseguimos fazer duas coisas ao mesmo tempo é enganosa. O que realmente acontece é que algumas pessoas conseguem “trocar” de atividade muito rapidamente, a ponto de parecer quase imperceptível.

E tudo isso para dizer que esse exemplo se repete no dia a dia. Quando estamos conversando com alguém e pegamos o celular para responder uma mensagem, podemos até estar presentes, mas naquele intervalo de segundos entre ler e responder, “deixamos a conversa”.

Essas pequenas interrupções parecem inofensivas, mas no final do dia, você não conseguiu fazer nem uma coisa nem outra de forma eficiente.

Não sou eu quem vai dizer o que é melhor ou pior, mas uma coisa é necessária: conhecer como cada um de nós funciona. Eu já entendi que, quando preciso fazer algo que vai levar tempo e requer minha total atenção, preciso ficar sozinho e concentrado. Não adianta ligar música para abafar o barulho da sala; quando percebo, estou cantarolando a música e o foco se foi.

É assim que funciono para esse tipo de tarefa, mas conheço muitas outras pessoas que não precisam disso. E está tudo bem.

O que precisa ficar claro é que temos uma capacidade limitada de energia, e isso reflete diretamente nas atividades que desempenhamos.

Duvido que você nunca tenha vivido a situação de estar cheio de energia ao final de um dia tranquilo e completamente esgotado ao final de uma manhã com tarefas importantes e complexas que exigiram muito de você.

Por isso, “precisamos escolher nossas batalhas”. Se existe algo importante que precisa ser feito ou decidido, você precisa ter energia naquele momento para pensar nas melhores alternativas e tomar a melhor decisão.

Essa decisão envolve priorizar sua agenda, saber quais reuniões são importantes e, principalmente, identificar momentos em que sua presença é dispensável, confiando em seu time para tomar decisões sem precisar da sua bênção a cada passo.

Para finalizar, um ponto de atenção levantado pelo grupo: como saber que estamos focando no que realmente precisa ser feito e não gastando tempo e energia com coisas triviais? Ou, mais importante ainda, como manter essa assertividade sem parecer rude ou sem empatia?

Às vezes, parece que toda reunião precisa ter 20 minutos de “conversa fiada” porque, afinal, temos 1 hora de reunião. No final, falta tempo para pensar e decidir, ou pior: saímos correndo para o próximo compromisso sem descanso. Ou então nos tornamos uma máquina que entra na reunião, discute rapidamente o que precisa ser feito e parte para a próxima.

A resposta padrão e chata para essa questão é que tudo depende de como as coisas estão indo no seu time. Em alguns momentos, vale a pena dar uma freada e ter um momento para organizar as coisas. Em outros, é preciso acelerar mesmo e deixar tudo pronto.

É um equilíbrio necessário, mas que só pode ser alcançado se estivermos “com o tanque cheio”. 

Ninguém consegue cuidar do seu time se não estiver conseguindo cuidar de si mesmo.