As mulheres empreendedoras do Vibee falam sobre sobre o Dia da Mulher – Parte 2

07/03/2022

Esta é a segunda publicação da série especial do Vibee sobre o Dia Internacional das Mulheres 2022. Nas próximas semanas, veremos mais empreendedoras por aqui. Fique ligado!

O Female Founders Report, da Distrito, traz um dado que precisa ser abordado com bastante atenção neste 8 de março. Apesar do crescimento do ecossistema de startups e venture capital no Brasil, com recordes alcançados nos últimos anos, apenas 4,7% das startups brasileiras foram fundadas exclusivamente por mulheres e 5,1% por mulheres e homens. Ou seja, mais de 90% desses negócios possuem somente homens em seus quadros de fundação

O protagonismo feminino, felizmente, tem crescido em muitas áreas, mas nos ecossistemas de inovação, vemos que o caminho é longo. Aqui no Vibee, muitas das nossas startups aceleradas tem mulheres como CEOs ou como integrantes, desempenhando papeis fundamentais no desenvolvimento de ideias e serviços inovadores na área da saúde. 

Temos muito orgulho de contar com elas na construção da nossa colmeia, que cresce cada dia mais, com mais protagonismo e importância no cenário nacional. 

Por isso, entendemos que este 8 de março deve ser de reflexão, e convidamos elas, nossas empreendedoras, para compartilhar um pouco de suas histórias, trajetórias, desafios e aspirações para o futuro. 

Bora conferir?  

Leandra S. Baptista | Gcell

BIO: Professora da UFRJ com Doutorado em biologia de células-tronco e engenharia de tecidos. Professora visitante da Universidade de Lyon (2017), co-fundadora da Gcell cultivo 3D (2019) e Fellowship do programa Marie-Curie na Eden Microfluidics, Paris (2021-2023).

Poderia nos contar um pouco da sua jornada? O que te inspira/inspirou a empreender? 

Desde a minha graduação eu sempre fui motivada pela aplicação do conhecimento. Por isso procurei estágio e depois Doutorado em uma área de ciência aplicada. Neste sentido sempre trabalhei com células-tronco de origem humana para fins de tratamento e ao longo da minha carreira como professora da UFRJ este conhecimento foi empregado para construir tecidos e órgãos em laboratório (engenharia de tecidos) para fins de transplante (medicina regenerativa) e agora na Gcell cultivo 3D como modelos para testes de medicamentos em substituição aos modelos animais.

Principais desafios das mulheres no ecossistema empreendedor? 

Acredito que as mulheres experienciam desafios semelhantes em diversos mercados de trabalho. Dependendo da área, e mais ainda em áreas estratégicas e de liderança, como o ecossistema empreendedor, ainda estamos em menor número, talvez por uma questão de opção das próprias mulheres, afinal nós desempenhamos outros papéis no âmbito pessoal, ou porque ainda sofremos com remuneração e reconhecimento menor quando comparado aos homens.  Eu sou otimista e acredito que o cenário esteja caminhando para uma representatividade feminina mais igualitária.

Como você enxerga a inserção das mulheres nos ambientes de inovação no futuro?  

Eu enxergo como essencial, assim como em outros ambientes também. Mas falando de inovação, o nosso País tem muito potencial.  Nossa ciência é executada no mesmo nível de qualidade encontrada ao redor do mundo, o que está faltando é justamente a sua translação. E inovação e isso, transformar o conhecimento científico em produtos ou serviços de utilidade para a sociedade. Um grande desafio, mas recompensador!

Quais dicas você daria para outras empreendedoras? 

Não existe fórmula mágica, cada uma irá percorrer o seu caminho da sua maneira e na sua velocidade. Mas eu acredito que o essencial, e a motivação interna. E claro que as dificuldades diárias levam ao desânimo em diversos momentos (muitas vezes na verdade), mas precisamos sempre fazer o exercício de lembrarmos porque resolvemos percorrer este caminho, alimentando a sua motivação interna.  Para mim é um exercício diário, e não é fácil, mas em longo prazo começa a fazer sentido.

Giseli Buffon | Syntalgae

BIO: Sou Bióloga e Doutora em Biotecnologia. Sempre foquei na área acadêmica, meu sonho era ser professora universitária.

Poderia nos contar um pouco da sua jornada? O que te inspira/inspirou a empreender? 

Nunca fui ligada a dinheiro, achava que era legal conquistar um pouco para ter o básico, mas não entendia por que as empresas querem crescer tanto e os empresários ter tanto dinheiro. Até que um dia quando fui para Gramado vi dois empreendedores falando como o empreendedorismo e o turismo mudou a vida das pessoas daquela região. 

Que maioria tinha trabalho digno, comida, educação e acesso à cultura. E isso mexeu profundamente comigo, fui estudar e vi que quando montamos um negócio, não é só o empreendedor que ganha, podemos influenciar diretamente a vida das pessoas, ou seja, o famoso impacto social. 

Quando terminei meu doutorado, as universidades não estavam contratando professores, então pensei na hora, vou montar um negócio na área da biotecnologia para impactar de forma positiva as pessoas e o meio ambiente. Meu sonho é contratar pesquisadores e promover a ciência e a inovação na nossa região.

Principais desafios das mulheres no ecossistema empreendedor? 

O preconceito, o mundo dos negócios e das grandes empresas ainda é muito machista e desigual. Sendo mulher e pesquisadora de biotecnologia, tivemos que enfrentar dois desafios, primeiro por ser mulheres e muitos mercados são dominados por homens, que fazem piadas sem graça, em uma roda de conversa não te dão ouvidos, tem que ser muito resiliente para continuar.   

E como pesquisadora, alguns empreendedores acham que os pesquisadores são muito técnicos, que não sabem falar de “números”, de plano de negócio. Realmente, fomos formados com o foco na área acadêmica, mas passamos por muitas mentorias, com mentores das mais variadas áreas, e isso é fundamental para todos os empreendedores e com isso aprendemos muito e ainda estamos aprendendo para entender cada vez melhor o mercado em que atuamos.  

Quando você terminava um doutorado antigamente, você era expert em determinada área, porém hoje com um mundo com uma quantidade absurda de informação, penso que o doutorado é só a ponta de um iceberg, a ponta de conhecimento que você precisa para conquistar muito mais. Graças ao doutorado tenho experiência de bancada e conhecimento científico que me colocam a frente no mercado de inovação, mas precisei de mentorias e mais conhecimento para montar a Syntalgae e isso é regra para qualquer negócio hoje em dia, a busca do conhecimento não para nunca, é nosso combustível, tanto do empreendedor como do pesquisador.

Como você enxerga a inserção das mulheres nos ambientes de inovação no futuro? 

Acredito que as mulheres estão conquistando cada vez mais seu espaço e vão conquistar muito mais. Homens e mulheres têm habilidades diferentes e é essa diversidade que enriquece as corporações, não tem como inovar sem ter diversidade de ideias e conhecimento. 

O mercado também está pedindo isso, assim cada vez mais as mulheres vão impactar o ecossistema de inovação e esses resultados serão base para fortalecer novas empreendedoras.  Resumindo, hoje e cada vez mais as empresas precisam aumentar, dinamizar e criar equipes múltiplas, pois a sobrevivência delas irá depender disso. 

 

Quais dicas você daria para outras empreendedoras?  

Sejam resilientes, estudem muito e acreditem no seu potencial!

Categoria: DIVULGAÇÃO

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